terça-feira, 9 de junho de 2009

PORQUE SENTIMOS NOJO?

Sensação de desgosto indica que talvez seja seguro ficar longe daquela comida...O prato chega à mesa fumegante. Quem dá a primeira garfada... torce o nariz, fazendo aquela cara clássica de quem comeu-e-não-gostou, com os cantos da boca virados para baixo e para os lados, os olhos espremidos, a língua querendo sair da boca. Agora, é sua vez: você come também, hesita, mas prova, ou dá uma desculpa qualquer e pede bife com batata frita?
No que depender do seu cérebro, a escolha é fácil. Se alguém comeu e não gostou, o mais seguro é você seguir o exemplo e nem experimentar. É para isso que serve o nojo, ou desgosto, aquela sensação de estômago embrulhado que fica estampada no rosto quando o que chega aos olhos, nariz ou boca não é digno de ser engolido.
Assim como o cérebro tem regiões que cuidam de cada um dos gostos que sentimos, ele possui também uma outra região cuja especialidade é registrar gostos desagradáveis, que provocam o tal desgosto, ou nojo. Informações de vários sentidos podem disparar um sinal nessa região cerebral do desgosto.
Pode ser a visão de algo repulsivo no seu prato, que ainda se mexe ou que a sua cultura não considera comida; podem ser as manchas de mofo no pão ou o cheiro forte de carne estragada; ou um gosto amargo, usado pela natureza para indicar prováveis venenos, e que se forte o suficiente pode até causar vômito -- a maneira de seu corpo garantir que da boca aquilo não passa.
Além disso, o cérebro lembra de experiências nojentas anteriores e garante que, da próxima vez que você topar com aquela comida, ela não entrará na sua boca. Pelo menos, não no que depender de você.
Sentir nojo é tão importante que o mesmo alarme-do-desgosto, disparado no cérebro quando você já cheirou ou comeu algo ruim, também é acionado à simples visão de uma cara de nojo em outra pessoa. Isso é muito importante, porque a expressão de nojo é universal: embora cada povo tenha a sua lista de comidas preferidas ou desagradáveis, pessoas em todas as culturas e de todas as etnias torcem o nariz da mesma maneira, com a mesma careta, quando não gostam do que comem. E se eles não gostaram, o mais seguro é você também ficar longe daquela comida.
O problema é que crianças em geral, muito mais sensíveis a sabores amargos, e adultos cheios de frescura protegem bem demais seus cérebros e estômagos, e torcem o nariz para qualquer comida que não seja perfeitamente segura, ou que eles vejam outra criança recusar. O que explica, aliás, por que o 'prato infantil' é universal. Tô pra ver alguma criança torcer o nariz para o famoso bife-com-batata-frita...
Ciência Hoje das Crianças 148, julho 2004

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