O preconceito dentro da escola piora o desempenho dos alunos. Esse foi o principal resultado de uma pesquisa divulgada na última semana aqui na Folha, feita pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido do Ministério da Educação. Foram entrevistadas mais de 18 mil pessoas (alunos, pais, diretores, professores e funcionários) de 500 escolas públicas de todo o Brasil. Quanto maior a discriminação e o preconceito na escola, piores foram as notas dos alunos na Prova Brasil de 2007, que avalia conhecimentos de português e de matemática. Quase 20% dos alunos reclamaram que sofreram algum tipo de preconceito por serem negros, pobres ou homossexuais, e 10% sofreram preconceito por serem mulheres. E o preconceito não é um fenômeno só da escola pública. Em pesquisa que coordenei em 2007 sobre valores e atitudes, com cerca de 7.000 alunos de escolas particulares do país, com o apoio do Portal Educacional, do Grupo Positivo, ele também apareceu. Apesar de 82% dos jovens dessa pesquisa não se considerarem preconceituosos e mais de 50% acharem que "nada a ver ter preconceitos" ou que "preconceito atrapalha o país", veja o que aconteceu, na prática: 25% pensam que ter um ou outro preconceito é inevitável; apenas 32% tentariam fazer um amigo preconceituoso mudar de idéia; 26% se incomodariam em ter vizinhos gays e quase 40% não gostariam ou se afastariam do melhor amigo se ele dissesse que é homossexual. Na avaliação dessa mesma pesquisa, 40% dos jovens disseram que já foram vítimas de algum tipo de preconceito! Foi curioso notar a diferença entre a autoavaliação dos jovens (não se julgam preconceituosos) e as atitudes de intolerância e discriminação que eles acham que, vez ou outra, são inevitáveis. Como assim? Em uma cidade que ostenta uma das maiores paradas gays do mundo, são inconcebíveis crimes de ódio e intolerância. Da mesma forma, em um país como o nosso, cheio de contrastes culturais, religiosos, sociais etc., é inadmissível que alguém sofra discriminação por ser diferente. Agora a gente já sabe que não são só o álcool, a maconha, as questões emocionais e as doenças que fazem os jovens irem mal na escola. O preconceito também! E o que você faz para mudar isso?
FONTE:http://www.gper.com.br AUTOR: Jorge Bouer
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